quarta-feira, 16 de junho de 2010

Alexandria e Cairo



Foi muito agradável conhecer o Egito, um lugar extremamente exótico que você ama ou odeia. Sinceramente, não seria minha primeira opção de moradia, mas como turista, foi um dos lugares que mais gostei.

Povo extremamente hospitaleiro. Achei estranho ver as pessoas dando “tchauzinho” para os ônibus de turismo, independente de ter ou não alguém dentro.



Um sonho das mil e uma noites: Desembarquei no porto de Alexandria e fiquei impressionado. Muito bonito com seu terminal de passageiro em estilo árabe; realmente senti que estava entrando num lugar das mil e uma noites. Nesse dia eu não pude ir até o Cairo (mesmo sendo funcionário de uma Cia. Marítima, eu deveria ter um visto de turismo para sair da cidade e eu não o havia solicitado). O jeito foi somente dar um pequeno passeio a pé pela região portuária. Estava excitado em conhecer a cidade que só conhecia pelos livros de história.

Passei pelo terminal de passageiros e olhei algumas lojas de souvenir. O assédio dos vendedores aos turistas é muito grande, maior até ao que havia conhecido na Turquia e como não sabia o trato a se dar a esse tipo de assédio nada comprei, preferi sair do porto o mais cedo possível e conhecer a cidade.

A via de acesso da zona portuária à cidade é por uma ponte até o portão principal, onde se localiza uma linda mesquita...



Do Luxo ao Lixo: Antes de sair do porto pude ver uma parte da cidade de Alexandria e quase choro... De decepção...

A maioria dos prédios são horríveis, a impressão que se tem é que a cidade foi bombardeada... Edifícios sujos, literalmente “no tijolo” e semi-destruídos. Trânsito caótico (e eu que tanto reclamava do trânsito de São Paulo...).

As fachadas das lojas eram em sua maioria velhas, sujas. Lojas sujas e escuras, como se não houvesse iluminação.

Tinha taxistas oferecendo para me levar aos pontos turísticos da cidade, mesmo carregando outros passageiros, como se fossem uma lotação (jamais façam isso, após esse dia fiquei sabendo que outro brasileiro que trabalhava no mesmo navio e teve problemas ao entrar nesse tipo de taxi).

Fiquei 10 minutos e voltei rapidamente ao navio. Não costumo ter problemas em andar por lugares estranhos, mas não conhecendo os costumes egípcios e a aparência da cidade me fez ficar com receio de andar só... Alexandre Magno ( ou Alexandre“O Grande” ) iria se virar no túmulo se soubesse o que fizeram com sua cidade...



A Verdade Sempre Aparece: Após alguns meses, fizemos uma nova escala em Alexandria e dessa vez solicitei meu visto antecipado. Tive a oportunidade de visitar o Cairo e Alexandria. Nesse dia, fiquei conhecendo um pouco da cultura desse povo e pude entender melhor seu modo de viver. O guia que nos acompanhou disse que a maioria dos prédios de Alexandria e do Cairo foram construídos antes da II Guerra Mundial, quando o Egito fazia parte do protetorado britânico e a maioria da população que morava nessas cidades era europeia. Após a II Guerra Mundial o Egito passou a ser independente e os europeus que ali viviam voltaram para seus países, ficando então essas cidades sendo habitadas somente por egípcios, muitos vindos do deserto e passaram a ocupar os edifícios e casas.

Contou também que no Egito, por ser regido em parte pela Sharia (lei muçulmana) era proibido a cobrança de juros, então os bancos não fazem empréstimos para a compra de habitação. Com isso também, não há construtoras financiando imóveis como em outros países e se uma pessoa tem um terreno ela pode construir um prédio e vender os apartamentos (sem licença ou o acompanhamento de um engenheiro, mas sob sua responsabilidade) e parcelar diretamente com o comprador. Esse parcelamento costuma ser em até 20 anos (sem juros) e após a compra, o término da construção do apartamento fica por conta do comprador.

Perguntou-se o porque dos prédios em sua maioria não serem rebocados e pintados e o guia nos contou que quando se faz acabamento externo de qualquer construção, o governo começa a cobrar imposto (tipo nosso Imposto Predial), por isso, a maioria dos prédios não tem acabamento e daí ter-se a impressão da cidade estar em ruínas (porém muitos prédios realmente são). Isso me fez entender um pouco da “feiúra” de Alexandria e de uma parte do Cairo.



Conhecendo Alexandria: Após essa explicação, passei a observar a cidade com “outros olhos”. Infelizmente não há resquícios da Grande Biblioteca ou do famoso Farol de Alexandria, mas há uma biblioteca super moderna e outro farol. Interessante saber que quando iniciaram a construção do metrô, descobriu-se nas escavações um antigo teatro romano em ótimas condições e hoje é um dos pontos turísticos mais procurados.

A caminho do Cairo (três horas e meia para ir e outras para voltar) vimos outro costume também estranho: Não são só as construções dos prédios que eles não terminam, mas também as avenidas e estradas (a maioria delas com o resto de entulho pelo caminho...). Uma ótima notícia é que a segurança é muito grande no Egito e, apesar da aparência, quase não há assaltos e roubos. Curioso eu perguntei qual a mágica disso e nosso guia me disse que é empregada a “Sharia” e todo infrator é severamente punido com castigo físico e quando a polícia flagra alguém praticando furto ou roubo, dificilmente essa pessoa reaparece (E tem gente aqui que reclama da ROTA? Eu pensei em importar essa lei e começar a aplicá-la em Brasília... O que vocês acham?).

O único alerta que nos foi dado e aqui friso bem é o assédio para o turista comprar algo e principalmente: Cuidado com os vendedores ambulantes e Beduínos nos pontos turísticos. Preste atenção: NINGUÉM dá nada pra ninguém. Muitos vendedores vão aparecer te oferecendo “presentes” e depois tentam te extorquir 5 ou 10 Euros (sim, apesar da moeda local ser a Libra Egípcia, eles sempre vão te passar os preços em dólares ou euros) e o mesmo para tirar foto dos camelos dos beduínos, mesmo que você tire as fotos de dentro do ônibus, eles vão tentar te arrancar alguma grana.

Perguntei como era visto este assédio pelas autoridades, o guia explicou que o assédio faz parte da cultura e na realidade eles estão tentando vender algo e não roubando e que não somos obrigados a comprar nada tipo: “compra quem quer”. Também disse que se o assédio for muito grande, você pode sim ser tão “rude” tanto quanto o vendedor for insistente, isso não é ofensivo lá.

Resumindo: Em Roma como os romanos... E no Egito como os egípcios...



Como negociar: Ao contrário da experiência que tive na Turquia, eu vi que se pode pechinchar muito, mas muito mesmo, que eles não vão se sentir ofendidos; mas atenção: Jamais seja o PRIMEIRO do dia a entrar em uma loja ou negociar com um ambulante e não comprar, isso irá significar má sorte por todo o dia e será considerado extremamente ofensivo; então, se você não tiver intenção de comprar nada, não vá a nenhuma loja no início da manhã, a não ser que queira fazer um ótimo negócio, pois eles preferem até tomar um prejuízo que perder a 1ª venda. Mas de qualquer forma, se você não estiver seguro quanto a isso, deixe para mais tarde.

Para pechinchar, pode ter certeza que, se for oferecido um produto por US$ 100.00 ele deve ter preço de venda de no máximo US$ 10.00.

Claro que também há mercadorias que já te oferecerão por US$ 1.00/2.00 e aí não dá pra pechinchar muito, afinal, seu tempo vale mais que o prazer da barganha, principalmente nas Pirâmides onde se encontrará diversos tipos de estátuas por esse preço, oferecidas pelos ambulantes e não estranhe em ver etiquetas escrito “Made in China” em muitas peças “típicas” egípcias.



Cairo e suas maravilhas: Bem, creio que essa é a parte mais difícil da matéria, explicar a indescritível emoção: O Platô de Gisé: A visão das Pirâmides e depois a Esfinge... Incrível ver essas construções e imaginar como os antigos egípcios dispunham desse tipo de tecnologia, pois hoje, com toda que possuímos, seria difícil construirmos novamente. Para se ter uma ideia, todos os blocos das pirâmides não tem nenhum tipo de argamassa, todos foram cortados numa medida cirúrgica para se encaixarem uns nos outros. Aqui estão as Pirâmides de Kéops, Kefren e Miquerinos, a única aberta a visitação é a de Kefren.

A Esfinge então... Esculpida em um único bloco de pedra, ela guarda onde era o templo das mumificações e as pirâmides. Hoje, em função da erosão eólica e da poluição, o governo egípcio está revestindo seu exterior para que ela não se desfaça.

Há um show de iluminação e som todas as noites, imperdível se você for passar uma noite no Cairo.

Não deixe também de andar de camelo (apesar de seu odor que nem de longe lembra perfume), afinal quando terá outra oportunidade de ter essa experiência?

Uma única coisa que não entendi no Cairo, foi ver bem próximo às Pirâmides e colada aos hotéis 5 estrelas: uma enorme favela... (Eu tenho a impressão que já vi esse filme por aqui).

Mas... Foi fantástica minha experiência no Cairo e Alexandria. Ainda volto ao Egito e agora quero conhecer Luxor!



Dicas e informações:



1. Não beba água sem ser engarrafada e cuidado com a alimentação fora de hotéis e restaurantes

2. Leve dinheiro trocado, notas de US$ 1.00 e US$ 5.00, pois eles não dão troco e se virem que esta carregando muito dinheiro, eles não farão bons descontos.

3. Dê preferência a pechinchar em dólares, sairá muito mais barato e eles não tem muito conhecimento do valor do Euro.

4. Não aceite nenhum tipo de “presente” de “novos amigos” nas ruas, o assédio será muito grande e você poderá perder alguns dólares/euros pois eles pedirão, após darem o “presente” 5 ou 10 euros de volta como “SEU presente”. Ou você perderá muito tempo nessa discussão, o melhor é não aceitar nada.

5. Não se preocupe em negar algo ou seu mais “duro” com vendedoras, apenas diga “Lá, lá, lá, lá” que quer dizer não, e continue o seu trajeto, não precisa voltar a olhar para ele ou ele continuará insistindo.

6. Para entrar nas mesquitas as mulheres devem cobrir a cabeça, leve um lenço de cabeça. Interessante também é as mulheres andarem nas ruas com a cabeça coberta, um sinal de respeito.

7. Jamais vá com roupas extremamente decotadas, é um sinal de desrespeito.

8. Mulheres evitem caminhar sozinhas nas ruas, o fato de serem ocidentais e normalmente não cobrirem a cabeça pode ser interpretado por muitos homens como “fáceis” e “disponíveis” sujeito a assédio.

9. Melhores lugares para compras são próximos as pirâmides onde encontrarão verdadeiras pechinchas.

10. Dê preferências aos hotéis 5 estrelas, economia pode sair caro.

11. Não se esqueça de pedir visto de turismo antes de ir, verifique todas as informações com seu agente de viagens ou com a Embaixada/Consulado Egípcio mais próximo de sua residência.

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